29º Dia - Uma pequena queda, pra animar!

Olá pessoal!

Amanhecer na saida de Hospital

Infelizmente não consegui, mais uma vez, enviar pra vocês as aventuras do Caminho de ontem. Tive um pequeno problema na internet. Quando estava tudo pronto, ela saiu do ar e, já não dava mais tempo para a produção de novo texto. Segue agora pra vocês!
Ontem o dia não acordou diferente dos dias em que se dorme nos albergues. Quando dá 6 horas já começamos a nos mexer em nossos sacos de dormir. E o barulhinho típico das beliches e dos fechos eclair se faz ouvir. Aos poucos,

Flores do Caminho

vê-se homens e mulheres metade nus e estilo zumbis, se dirigindo aos banheiros.
Eu me levanto também neste horário, apesar de já estar acordada esperando dar a hora (6 horas). Já sabia desde a véspera que seria uma retirada sem café da manhã no estômago. A cidade Hospital da Condesa não possui nenhum bar que servia o café às 7 horas. Lamentável! Me limitei à banana e à barra de cereal e peguei o Caminho. Não fazia muito frio mas, pela janela, vi que

Alto do Poio

ventava muito. Por precaução, sai vestida como todas as manhãs: camiseta curta, camiseta longa, casaco, corta vento, luvas, chapéu, echarpe. E, como sempre, aos poucos, durante a caminhada, vou me despindo.
O dia hoje prometia! Estava bonito e a brisa fresca ajudava. Previa-se, pelo meu mapa, uma subida bem puxada. Já havia sido avisada pela atendente do bar: café da manhã somente a três kilometros e meio. E fui correndo pra lá!

Antes da queda!

E a subida chegou! e que subida!! Mas a vontade do café era tanta que cheguei ao topo onde encontrava-se a tal cidade. Encontrei vários outros peregrinos todos ofegantes e com a já famosa cara de "cheguei".
Mas que cidade era? perguntei ao atendente do bar. 
Alto do Poio. 
Justificava-se o nome. Era bonita e gigantesca, a paisagem. Bom, cafezinho com leite tomado com torradas, liberado o peso da bexiga, vamos iniciar a descida.

Vacas se afastando - ufa!

Esperava uma descida complicada. Mas não foi. Foi suave e suportável.
Lá pelas tantas escutei um estrondo bem na frente de patas ao chão, latidos de cão e gritos de homem. Ao longe avistei. Era um rebanho de vacas subindo, e vindo ao meu encontro. Sempre maravilhada com essas cenas, me preparei para a foto, aparelho em punho. A vacaria foi chegando, simplesmente ignorando que eu estava também no Caminho. E elas não quiseram nem saber, e eu também não. Resultado: cai

Flores do Caminho

traseiro no chão. Não foi bem no chão terra, não tinha graça! Foi em cima de uma bela bosta de vaca! Ai, ai! Fedendo a vaca, mas a foto tirada, envio pra vocês! Olha o sacrifício!! O pastor passou por mim, (já imediatamente de pé, fingindo estar "tudo bem", traseiro escondido obviamente), me disse bom dia e acrescentou: "que susto heim?", ééééé!!!
Recomposta (quase). As mãos e o resto cheirando a bosta de vaca, continuei minha

O Caminho Hoje

descida, pensando no que havia me falado um peregrino: "todo peregrino tem que cair, senão não é um peregrino". Bom, então estava feito! Não tinha problema não. O dia estava lindo, a descida estava relativamente tranquila, o Caminho gostoso, e eu num pique extraordinário, dores sob controle, para meu reencontro com Joaquim que se daria em Sarria.
Ao longe, depois de alguns kilometros a mais, avistei Triacastela. Tinha decidido passar a noite lá para poder ficar em um

Chegando em Triacastela

quarto com banheiro exclusivo. Nem falo em hotel pois poderia encontrar uma pensão, uma habitacione individuale até mesmo em albergue (alguns oferecem esta possibilidade a um preço bem mais em conta que um hotel).
Depois de mais alguns kilometros, cheguei à cidade. Mais uma vez constatei que não podemos chegar muito cansados às cidades para não cairmos na primeira arapuca. Algumas cidades tem muitas

Vacas outra vez! Joguem no bicho!!

ofertas, basta ter paciência e procurar. Consegui uma pequena pensão familiar com um quarto e banheiro no jeito, no Caminho e bem tranquilo. Ia dormir super bem! E hoje, efetivamente, era o dia das vacas!! voltei a ouvir os mesmos barulhos, desta vez atrás de mim. E desta vez não me pegaram. Tirei a foto! Mas antes, me coloquei em segurança. Não precisava de uma segunda queda para provar que era peregrino!!

Triacastela é uma cidade pequena e animada! Com muitos bares, restaurantes e

Restaurante da Simone de nome Rio - Imperdível!

hospedagens. Os peregrinos adoravam chegar em cidades assim. Todos se espalhavam nos bares e restaurantes batendo papo e colocando corpos (e principalmente pés) ao sol. Era uma festa! Todos falando línguas do mundo mas nos entendíamos, na medida do possível. Muita mímica..
Depois de acomodada, banho tomado, produtos comprados (bananas, etc), curativos e medicamentos efetuados, lá fui

Churrasco estilo espanhol - ótimo!

eu em um restaurante indicado pelo senhor da pensão. "É de uma brasileira!" me disse ele todo animado. Chegando lá, conheci Simone de Goiania. Tinha se casado com um espanhol e estava lá haviam 5 anos. Pedi um..... o que ela chamou de churrasco. Estava muito bom. No restaurante não havia ninguém quando sentei. Mas na minha saída estava cheio. Também! eu tinha sentado do lado de fora e todos me viam comendo aquela tábua de carnes. Passavam, olhavam e pediam a mesma coisa. Simone ficou

Torre em Triacastela

animada!
Bom, com isso eu estava almoçando e jantando. Eram quase 17 horas. Ao longe avistei a chegada de Eduardo. Sacudi meus braços chamando sua atenção. É sempre uma alegria quando reencontramos um peregrino amigo do Caminho. Colocamos nossas aventuras em dia e, mais uma vez nos despedimos.

Estava na hora de descansar para o dia seguinte! E eu teria muitas emoções!
Boa noite a todos!
Ultreya!
Isabelle